HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ – Parte 54



Divergências Soteriológicas – ideia da salvação

Tanto os alexandrinos como os antioquenos concordavam que um dos grandes aspectos da salvação envolve a divinização. A natureza humana deve ser curada para que compartilhe as características divinas. Concordavam também quanto à diferença essencial entre a natureza humana e a divina. Além disso, rejeitavam a ideia de uma “metamorfose” do humano para o divino ou vice-versa. Entretanto, os antioquenos eram mais preocupados com o papel humano da salvação, enquanto os alexandrinos afirmavam que a pessoa precisa receber o poder terapêutico de Deus através dos sacramentos.

Alexandria

A soteriologia alexandrina apegava-se especialmente ao conceito oriental tradicional da deificação no decurso da salvação e no seu alvo final, colocavam esse conceito no centro de todas as meditações teológicas. O pensamento alexandrino a respeito da salvação enfatizava a necessidade da união íntima entre o divino e o humano em Cristo, para que a natureza humana seja transformada pela natureza divina.

A ênfase alexandrina consistia em dizer que em Jesus Cristo ocorreu “uma troca maravilhosa” pela qual a nossa natureza divina pecadora foi curada pela natureza divina perfeita do Logos sem que a natureza divina do Logos fosse tocada pelas limitações ou imperfeições das criaturas. Eles viam na salvação um mistério metafísico maravilhoso levado a efeito pelo Logos mediante a união com a humanidade em Jesus Cristo.

Antioquia

A abordagem antioquena da soteriologia não era totalmente diferente da abordagem alexandrina, tanto que não rejeitavam o conceito da deificação. Na verdade, sua abordagem básica à pessoa de Jesus Cristo era afetada por essa ideia. Os antioquenos viam na salvação uma realização moral e ética maravilhosa levada a efeito por um ser humano em nosso favor, ao unir sua vontade à do Logos divino. É claro que, depois do adocionismo ter sido julgado herético, os antioquenos afirmariam que a própria realização da nossa salvação era obra do Filho de Deus no homem Jesus e através dEle.

Os antioquenos queriam deixar claro que essa realização moral e ética não poderia ter acontecido se a vontade e a mente do homem não fossem plenamente humanas e exercessem um papel nesse processo. A humanidade de Jesus Cristo não podia ser concebida como um instrumento passivo. Se fosse, nossa mente e vontade humanas não teriam um modelo para nos mostrar como agradar a Deus e entrar na união salvífica com Ele pela qual somos curados.

“E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação” (Rm 5:5-11).

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde.
Monteiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mensagens populares

SEGUIDORES

Total de visualizações