Divergências
Soteriológicas – ideia da salvação
Tanto os alexandrinos
como os antioquenos concordavam que um dos grandes aspectos da salvação envolve
a divinização. A natureza humana deve ser curada para que compartilhe as características
divinas. Concordavam também quanto à diferença essencial entre a natureza
humana e a divina. Além disso, rejeitavam a ideia de uma “metamorfose” do
humano para o divino ou vice-versa. Entretanto, os antioquenos eram mais
preocupados com o papel humano da salvação, enquanto os alexandrinos afirmavam
que a pessoa precisa receber o poder terapêutico de Deus através dos
sacramentos.
Alexandria
A soteriologia
alexandrina apegava-se especialmente ao conceito oriental tradicional da
deificação no decurso da salvação e no seu alvo final, colocavam esse conceito no
centro de todas as meditações teológicas. O pensamento alexandrino a respeito
da salvação enfatizava a necessidade da união íntima entre o divino e o humano
em Cristo, para que a natureza humana seja transformada pela natureza divina.
A ênfase alexandrina
consistia em dizer que em Jesus Cristo ocorreu “uma troca maravilhosa” pela
qual a nossa natureza divina pecadora foi curada pela natureza divina perfeita
do Logos sem que a natureza divina do Logos fosse tocada pelas limitações ou
imperfeições das criaturas. Eles viam na salvação um mistério metafísico
maravilhoso levado a efeito pelo Logos mediante a união com a humanidade em
Jesus Cristo.
Antioquia
A abordagem
antioquena da soteriologia não era totalmente diferente da abordagem
alexandrina, tanto que não rejeitavam o conceito da deificação. Na verdade, sua
abordagem básica à pessoa de Jesus Cristo era afetada por essa ideia. Os
antioquenos viam na salvação uma realização moral e ética maravilhosa levada a
efeito por um ser humano em nosso favor, ao unir sua vontade à do Logos divino.
É claro que, depois do adocionismo ter sido julgado herético, os antioquenos
afirmariam que a própria realização da nossa salvação era obra do Filho de Deus
no homem Jesus e através dEle.
Os antioquenos queriam
deixar claro que essa realização moral e ética não poderia ter acontecido se a
vontade e a mente do homem não fossem plenamente humanas e exercessem um papel
nesse processo. A humanidade de Jesus Cristo não podia ser concebida como um
instrumento passivo. Se fosse, nossa mente e vontade humanas não teriam um
modelo para nos mostrar como agradar a Deus e entrar na união salvífica com Ele
pela qual somos curados.
“E a esperança não
traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado. Porque Cristo, estando nós ainda fracos,
morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo;
pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para
conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito
mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da
ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de
seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua
vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor
Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação” (Rm 5:5-11).
Que o Senhor nos
abençoe e nos guarde.
Monteiro
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