Gregório
de Nissa
Irmão
caçula de Basílio. Provavelmente, nasceu em 340 e morreu em 393. Ao que parece,
não recebeu os benefícios de uma educação grandiosa como seu irmão. O imperador
Juliano, que havia sido colega de escola de Basílio, proibiu os cristãos de
receberem a melhor educação pagã possível durante seu breve reinado, que
coincidiu com a juventude de Gregório de Nissa. Por isso, foi ensinado em casa
por Basílio e por Macrina, irmã deles.
Sua
capacidade filosófica, entretanto, era incontestável, pois conseguiu acumular
conhecimentos e entendimentos astronômicos da filosofia grega e tornou-se
extremamente articulado e agudo nas habilidades de raciocinar e se comunicar. Dizem
que sua genialidade rivalizou apenas com a de Orígenes em toda a história
eclesiástica primitiva.
Gregório
tinha uma forte inclinação mística, sonhos, visões e experiências espirituais
que transcendiam a explicação espiritual. Uma dessas visões ou sonhos levou-o à
conversão e ao batismo em tenra idade; depois disso, decidiu retirasse da vida
ativa do mundo e seguiu uma vida ascética e monástica como Macrina e Basílio. Dedicou
boa parte de seu tempo à leitura e ao estudo das Escrituras, bem como dos
escritos dos platonistas e neoplatonistas.
Quando
Basílio morreu em 379, Gregório assumiu o seu manto teológico de líder vivo da
causa antiariana, atraindo a atenção do imperador Teodósio, que admirava muito sua
inclinação mística, bem como seu pensamento teológico. Participou do Concílio
de Constantinopla, fez o discurso inaugural e influenciou a conclusão final em
favor da ortodoxia trinitária.
Seus
escritos teológicos fazem mais uso da filosofia grega e de forma mais profunda
do que o fazem os outros dois pais capadócios. Demonstram um pouco do espírito
especulativo de Orígenes, mas sem os devaneios finais em assuntos digressivos,
como a preexistência das almas e a reconciliação universal.
Assim
como Orígenes, Gregório de Nissa considerava Deus totalmente incompreensível e
inefável por essência – estando além da compreensão humana, a não ser pela
experiência mística. Ao mesmo tempo em que não hesitou em aproveitar a
metafísica grega para ajudar a explicar a unidade da existência de Deus em
harmonia com a trindade das pessoas.
Gregório
de Nissa escreveu muitos livros e cartas, e realizou muitos sermões e orações,
mas três escritos seus foram especialmente importantes para o resultado da
grande controvérsia trinitária: “Da Santa Trindade”, “Não Três Deuses” e
“Contra Eunômio”.
Em
todos os seus escritos havia uma preocupação comum aos de Basílio e de
Nazianzeno, isto é, fornecer uma base sólida e uma explicação inteligível para
o mistério da Trindade que acabasse totalmente com as objeções de seus inimigos
e mantivesse o mistério de sua essência. Isso ele fez com sucesso sem
paralelos.
“A
minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; para que a vossa
fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. [...] falamos
a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos
para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se
a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória” (1Co 2:4-8).
Que
o Senhor nos abençoe e nos guarde.
Monteiro
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