HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ - Parte 47


Gregório de Nissa

Irmão caçula de Basílio. Provavelmente, nasceu em 340 e morreu em 393. Ao que parece, não recebeu os benefícios de uma educação grandiosa como seu irmão. O imperador Juliano, que havia sido colega de escola de Basílio, proibiu os cristãos de receberem a melhor educação pagã possível durante seu breve reinado, que coincidiu com a juventude de Gregório de Nissa. Por isso, foi ensinado em casa por Basílio e por Macrina, irmã deles.

Sua capacidade filosófica, entretanto, era incontestável, pois conseguiu acumular conhecimentos e entendimentos astronômicos da filosofia grega e tornou-se extremamente articulado e agudo nas habilidades de raciocinar e se comunicar. Dizem que sua genialidade rivalizou apenas com a de Orígenes em toda a história eclesiástica primitiva.

Gregório tinha uma forte inclinação mística, sonhos, visões e experiências espirituais que transcendiam a explicação espiritual. Uma dessas visões ou sonhos levou-o à conversão e ao batismo em tenra idade; depois disso, decidiu retirasse da vida ativa do mundo e seguiu uma vida ascética e monástica como Macrina e Basílio. Dedicou boa parte de seu tempo à leitura e ao estudo das Escrituras, bem como dos escritos dos platonistas e neoplatonistas.

Quando Basílio morreu em 379, Gregório assumiu o seu manto teológico de líder vivo da causa antiariana, atraindo a atenção do imperador Teodósio, que admirava muito sua inclinação mística, bem como seu pensamento teológico. Participou do Concílio de Constantinopla, fez o discurso inaugural e influenciou a conclusão final em favor da ortodoxia trinitária.

Seus escritos teológicos fazem mais uso da filosofia grega e de forma mais profunda do que o fazem os outros dois pais capadócios. Demonstram um pouco do espírito especulativo de Orígenes, mas sem os devaneios finais em assuntos digressivos, como a preexistência das almas e a reconciliação universal.

Assim como Orígenes, Gregório de Nissa considerava Deus totalmente incompreensível e inefável por essência – estando além da compreensão humana, a não ser pela experiência mística. Ao mesmo tempo em que não hesitou em aproveitar a metafísica grega para ajudar a explicar a unidade da existência de Deus em harmonia com a trindade das pessoas.

Gregório de Nissa escreveu muitos livros e cartas, e realizou muitos sermões e orações, mas três escritos seus foram especialmente importantes para o resultado da grande controvérsia trinitária: “Da Santa Trindade”, “Não Três Deuses” e “Contra Eunômio”.

Em todos os seus escritos havia uma preocupação comum aos de Basílio e de Nazianzeno, isto é, fornecer uma base sólida e uma explicação inteligível para o mistério da Trindade que acabasse totalmente com as objeções de seus inimigos e mantivesse o mistério de sua essência. Isso ele fez com sucesso sem paralelos.

“A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. [...] falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória” (1Co 2:4-8).

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde.
Monteiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mensagens populares

SEGUIDORES

Total de visualizações