HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ - Parte 43


A Teologia da Revelação de Atanásio

Nesta linha de raciocínio, Atanásio defende a plena e verdadeira divindade do Filho de Deus relativa à revelação. Afirmava que para Jesus Cristo ser a verdadeira revelação de Deus, e não meramente em uma imagem ou um profeta precisava ser Deus, pois somente Deus pode revelar Deus: “Se o Filho não é Deus da mesma forma que o Pai é Deus, não pode revelar o Pai de modo genuíno”.

Muitos eventos e pessoas já tinham revelado mensagens a respeito de Deus e da parte dEle, mas Jesus Cristo é a autorrevelação de Deus e não meramente outro mensageiro. Até os arianos e semiarianos concordavam com isso.

Se Jesus Cristo não é Deus na carne humana, Deus não é verdadeiramente revelado nEle, porque Deus já não deseja mais ser conhecido por alguma imagem e sombra da sabedoria das criaturas, mas fez com que a verdadeira sabedoria se revestisse de carne, tornando-se homem e sofresse a morte na cruz.

Se o Filho de Deus não fosse realmente Deus, da mesma forma que o Pai é Deus, nós não seríamos salvos por Ele e pela nossa ligação a Ele e Ele não nos revelaria verdadeiramente o Pai. Além disso, o Pai sofreria uma mudança ao gerar um filho, o que é imprópria da natureza divina.

Influenciado por Orígenes e agarrando-se a um vestígio de subordinacionismo, Atanásio declara em suas reflexões trinitárias “a monarquia do Pai” ao afirmar que O Filho de Deus é gerado pelo Pai, embora não seja criado no tempo. Somente o Pai é completamente não gerado e sem nenhuma origem ou fonte de outro ser. Mas a condição de gerado, aplicada ao Filho, é uma geração eterna da parte do Pai, assim como a radiância do sol.

Para Atanásio, o Pai era o princípio da unidade de toda a Trindade, a fonte e origem de toda divindade e tanto o Filho como o Espírito Santo fluíam dEle e a Ele deviam sua existência e condição divinas. O Pai em si não devia nada a ninguém. Entretanto, ele não considerava essa monarquia do Pai um tipo de concessão ao arianismo, nem sequer admitia que ela fosse chamada algum subordinacionismo.

Tudo quanto o Pai tinha de atributo, pertencia também ao Filho, por essência. A única diferença é que a essência divina do Pai não seria causada, mas a do Filho e a do Espírito sim, isto é, o Filho e o Espírito Santo possuíam atributos provindos do Pai na eternidade, causados pelo Pai mediante um processo de “geração eterna”.

“Homoiousios” significava que Jesus Cristo não era verdadeiramente Deus. Ao confessar o termo como o modo correto de expressar o relacionamento do Filho com o Pai, rejeita-se a salvação e ensina-se um falso evangelho. Atanásio recusa-se a aceitar essa terminologia, pois o que está em jogo não é apenas uma teoria teológica, mas a salvação das pessoas.

No entanto, a formulação plena da doutrina da Trindade, incluindo o papel do Espírito Santo, a natureza das três Pessoas e sua unidade na Divindade, não foi feita por Atanásio. Ele lançou o alicerce e outros – a saber, os Pais Capadócios – desenvolveram-na.

“E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20:26-29).

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde.

Monteiro

Um comentário:

  1. Estive a ver e ler algumas coisas, não li muito, porque espero voltar mais algumas vezes,mas deu para ver a sua dedicação e sempre a prendemos ao ler blogs como o seu. Se me der a honra de visitar e ler algumas coisas no Peregrino e servo ficarei radiante, e se desejar deixe um comentário. Abraço fraterno.António.

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