HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ - Parte 22



Orígenes de Alexandria Deixa Um Legado Perturbador

Orígenes nasceu em 185 ou 186 em Alexandria, Egito. Morreu martirizado, depois de ter sido preso e torturado pelas autoridades romanas em 254 ou 255, em Cesaréia, Palestina, onde passou boa parte de sua vida. Seu pai foi martirizado pelas autoridades romanas num massacre contra os cristãos. A tradição conta que, quando tinha apenas 16 anos, seu pai estava na cadeia, aguardando a execução, Orígenes quis se entregar às autoridades para morrer junto com o pai, mas sua mãe escondeu suas roupas e salvou o filho, evitando que saísse de casa.

Orígenes de Alexandria é primeiro pai da igreja primitiva e teólogo cuja biografia é amplamente conhecida, ele apreciava muito a especulação e superou Clemente na tentativa de construir uma síntese da filosofia grega e da sabedoria bíblica em um grandioso sistema de pensamento cristão. Foi um grande gênio e estudioso de renome que produziu aproximadamente oitocentos tratados durante a carreira e atraiu até mesmo aristocratas e estudiosos pagãos da filosofia para a sua escola cristã de catequese, a qual assumiu como diretor aos 18 anos de idade, devido ao seu brilhantismo.

Apesar da grande popularidade e fama, ou talvez por causa delas, Orígenes entrou em conflito com o bispo Demétrio de Alexandria. Ele queria ser ordenado ao sacerdócio pleno, mas Demétrio não permitiu por causa da autocastração. Essa, pelo menos, foi uma desculpa apresentada pelo bispo. A verdadeira razão pode ter sido ciúme profissional e medo de que, se Orígenes fosse ordenado, iria se tornar um rival na hierarquia cristã.

Finalmente, Orígenes perdeu a paciência, saiu do Egito e foi à Palestina pedir ao bispo de Cesaréia que o ordenasse, e este não hesitou em fazê-lo. O incidente provocou o rompimento com o bispo de sua cidade natal e Orígenes nunca mais voltou à Alexandria. Mudou o centro de ensinos e de escritos para Cesaréia em 233, quando transformou a escola catequética em um tipo de escola missionária.

Orígenes nuca foi canonizado, e sua memória, em todas as principais ramificações do cristianismo, é maculada por suspeitas de heresia e pela condenação póstuma por um concilio geral da igreja em 553. Foi acusado de ensinar que a alma existia antes de assumir um corpo e é quase certo que fosse culpado disso. Os modernos adeptos da Nova Era e do cristianismo esotérico acreditam que Orígenes pregava a reencarnação, mas dificilmente seja verdade.

Orígenes pode ter sido o escritor mais profícuo do mundo antigo; acreditava em uma existência corpórea mortal para cada alma, cria também, firmemente, na ressurreição corpórea dos mortos para a vida imortal, e assim ensinava. Também foi acusado de ensinar a doutrina da reconciliação ulterior e universal com Deus de toda a criação, incluindo-se Satanás, o que é questionável, é mais provável que seus seguidores o tenham feito.

Suas obras mais importantes foram: “Contra Celso” e “Dos Princípios Fundamentais”. Em Contra Celso citou o livro “Da Verdadeira Doutrina”, de Celso, quase inteiro, e refutou-o ponto por ponto. Orígenes chamou de levianas e totalmente desprezíveis às objeções de Celso ao cristianismo e procurou demonstrar a superioridade da sabedoria das Escrituras em relação à filosofia grega. Em Dos Princípios Fundamentais contém o grande sistema da filosofia cristã de Orígenes, no qual expôs as reflexões teológicas sobre a natureza de Deus e do Seu logos, sobre a criação e sobre muitos outros assuntos.

Segundo Orígenes, a filosofia é incapaz de produzir um conhecimento salvífico de Deus, porque nela a falsidade está inextricavelmente misturada à verdade. Apesar disso, concordou que a própria teologia cristã é um tipo de filosofia divina que supera e substitui todas as demais filosofias e que pode usá-las como serva da tarefa de levar às pessoas um conhecimento verdadeiro de Deus e da salvação.

Não só a filosofia, como as outras ciências, todas são servas da teologia. Todo conhecimento vem de Deus, seja ele revelado ou permitido que seja conhecido. O termo “teologia” implica no estudo sobre Deus. Portanto, surge uma questão: o homem teria condições de conhecer ao seu Criador, se Este não se revelasse? “Quem primeiro me deu, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu” (Jó 41:11). “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29:29).

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde.
Monteiro

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