UM NATAL EQUILIBRADO – Ef 5.18


Outro dia eu li na internet um texto (não lembro o seu autor) que dizia mais ou menos assim:

“Já passou da hora, de nós evangélicos, pararmos com essa história de ver pecado em tudo. Existe muita hipocrisia e falsa santidade no nosso meio. Eu creio que o pecado está naquilo que você faz em excesso e que venha a prejudicar seu semelhante. Não é porque você bebe uma cerveja gelada ou um bom vinho que você irá queimar no fogo do inferno. E essa história de que o vinho que a Bíblia relata não 'como o vinho de hoje' é outra balela. Vinho é vinho, em qualquer lugar e em qualquer época. Ele é produzido pela fermentação da uva e tudo que fermenta, produz álcool. É uma questão de química”.

Concordo com a afirmação acima quando diz que muitos veem pecado em tudo. Realmente a hipocrisia e a falsa santidade estão impregnando o meio cristão. Sua explicação química também está correta. Não concordo, porém, com sua definição quanto ao pecado. Gosto de pensar que pecado é desobediência aos ensinamentos de Deus, em virtude de que Ele nos ama e quer o melhor para todos nós, e somente Ele sabe o que é bom ou mau para suas criaturas, independentemente de sensações prazerosas ou dolorosas.

O pecado não prejudica apenas o nosso próximo. Aquele que peca é o mais atingido, a começar pelo sentimento de culpa, o qual muitas vezes permanece no íntimo, deixando cicatrizes psicológicas mesmo depois de ter sido lavado com o sangue de Cristo. Que dizer de uma desobediência desequilibrada ao ponto de se embriagar e, a partir daí, cometer várias tolices que afetarão a si, sua família e todos que lhe cercam? Por isso minha afirmação de que a definição de pecado não é tão simples como pensa o nosso amigo; claro que há exageros.

Lutero, Calvino e muitos outros cristãos realmente bebiam. A questão é mais cultural e regional que bíblica. Na Alemanha, por exemplo, o consumo do vinho já foi visto como um sinal de conversão. O cristão bebe mesmo vinho de verdade na Alemanha e em outras regiões do nosso planeta, e nem por isso receberão condenação eterna. É mais fácil ficar fora do céu aquele que vê pecado em tudo que seu irmão faz, mas o que ele faz quando ninguém está vendo não é pecado. Talvez você pense que estas palavras pareçam contraditórias, mas são apenas paradoxais.

Não quero aqui fazer nenhuma apologia à bebida, pelo contrário, só penso que não se pode ser tão radical, ao ponto de não participar de coisa alguma para não se misturar com os pecadores. Não é essa a orientação de Jesus, nem do apóstolo Paulo; este diz que se fez de tudo para ganhar a todos. Por que não tomar um cálice de vinho ou um copo de cerveja para ganhar os que apreciam uma boa bebida regada a uma gostosa amizade? O motivo está na formação e informação daquele que observa, este já tem a ideia fixa que o cristão, aquele que se diz evangélico, não pode beber. Creio que na maioria das vezes você não pode nem deve decepcioná-lo.

O segredo está no equilíbrio. Quando falo em equilíbrio não quero dizer autossegurança nem autoconfiança, pois temos que ter sempre em mente que dependemos de Deus para tudo. Quando digo que é questão de cultura, devo lembrar que o Brasil possui um número muito elevado de alcoólatras. Assim, o cuidado deve ser redobrado, uma vez que, para esses, basta o primeiro gole para não querer mais parar; para os alcoólatras, com certeza vai faltar equilíbrio. Esta é a razão por que as igrejas proíbem que seus membros bebam (não a Bíblia). No Brasil, as igrejas evangélicas pretendem cortar o mal pela raiz. Alguém de bom senso se posicionaria contra essa decisão? Acredito que não, mas tenho minhas dúvidas.

Resumindo: como a Bíblia não diz “não bebais”, mas “não vos embriagueis”, “não sejam homens dados ao vinho”. Então, a questão está entre a sua consciência e Deus, vai depender no nível de intimidade que você deseja manter com o Criador. Devo alertar, porém, muito cuidado e bastante cautela, pois se resolver tomar uns “tragos” em público, com certeza irá escandalizar muitos “santarrões” e pessoas más informadas, assim como estou fazendo neste exato momento com esta postagem, pois sei que nem todos entenderão esta mensagem. Todavia, se eu tivesse que dar a alguém um breve conselho mais real e condizente com a nossa situação e realidade, eu diria: - “Neste Natal, lembre-se do motivo verdadeiro de sua comemoração e dos ensinamentos daquele que deve ser sempre lembrado (não só nesta data), não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5.18). O crente deve andar cheio do Espírito Santo e não de bebida alcoólica.

Que Deus nos abençoe e nos guarde.
Monteiro

Um comentário:

  1. Parabéns Tio!
    Muito Bonito.
    "O crente deve andar cheio do Espírito Santo e não de bebida alcoólica".
    é Verdade!

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