HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ - Parte 50


A Teologia de Gregório de Nissa

É uma teologia toda permeada por uma noção mística da total incompreensibilidade de Deus, com certa influência do neoplatonismo, que aparece em vários de seus ensinos. Argumenta, por exemplo, que a essência de Deus é tão transcendente e tão incompreensível que a única maneira de descrevê-la é de forma negativa, isto é, declarando o que Deus não é em vez de o que Ele é.

Para conhecer verdadeiramente a Deus, a pessoa teria de passar pela experiência mística. No entanto, Gregório não rejeitava o argumento racional a respeito de Deus fundamentado na revelação, contanto que não acabasse com o mistério.

Outro aspecto da teologia de Gregório de Nissa que reflete a influência do neoplatonismo é a explicação do mal como a privação de todo o bem. A origem de todo o mal do mundo não provém de Deus, mas do abuso que os seres humanos fazem do livre-arbítrio ao se desviarem das coisas espirituais e buscarem as materiais.

O mal não é uma substância, nem sequer é matéria, é a ausência ou falta da bondade, sendo esta um aspecto da própria existência. Deus é a plenitude da existência e, por isso, é perfeitamente bom. Deus é perfeitamente bom e, portanto, a plenitude da existência. A existência e a bondade são inseparáveis.

A contribuição de Gregório de Nissa ao pensamento trinitário está na tentativa de refutar a acusação de triteísmo feita por seus inimigos:

“... Pedro, Tiago e João, pertencendo a uma só natureza humana, são chamados três homens, e não é nenhum absurdo descrever os que estão unidos pela natureza. Se, portanto, no caso supra, o costume admite tal coisa [...] como é que no caso das nossas declarações a respeito dos mistérios da fé, embora confessemos as Três Pessoas e não reconheçamos nenhuma diferença de natureza entre elas, estaríamos de alguma forma em conflito com a nossa confissão, quando dizemos que a Divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo é uma só, mas não permitimos que os homens digam ‘há três deuses?’”.

Se Deus é uma só existência – uma só substância – e não três deuses, as três pessoas devem sempre agir juntas em todas as coisas. Três seres humanos compartilham da mesma natureza, ou essência, mas, ao mesmo tempo, são geralmente considerados três seres por causa de suas operações ou ações separadas.

Pedro, Tiago e João são três seres diferentes, não porque um seja mais humano do que o outro, mas porque cada um age de modo distinto e independente. Mas em Deus toda a atividade é uma só, toda operação é comum às três pessoas da Divindade. Não somos informados de que o Pai faça alguma coisa por conta própria sem que o Filho opere conjuntamente, nem, tampouco, que o Filho tenha qualquer operação especial à parte do Espírito Santo.

Toda atividade de Deus é comum às três pessoas, mas não podemos chamar de três deuses a esse “poder divino e superintendente”. O Filho assumiu corpo e natureza humanos na encarnação, mas essa operação não era independente ou separado do Pai e do Espírito Santo. Os três sempre agem juntos e nunca de modo independente. O Pai é a causa, o fundamento e a origem eterna do Filho e do Espírito Santo. O Filho é aquele que é eternamente gerado  pelo Pai e o Espírito Santo procede eternamente do Pai.

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um” (Jo 10:27-30).

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde.
Monteiro

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