Justino
Mártir
Justino
Mártir merece reputação de “o apologista mais importante do século II” por
causa das ideias criativas a respeito de Cristo como Logos cósmico e de o
cristianismo ser a filosofia verdadeira. Pouco se sabe de sua vida antes de se
tornar um cristão, a não ser que foi filósofo da escola platônica. A tradição
diz que Justino continuou a usar sua toga filosófica depois de converter-se. Ele
se considerava um filósofo de Cristo. Referia-se a Sócrates como um “cristão
antes de Cristo”.
Sua
Apologia I foi provavelmente escrita em 155, por ocasião do martírio de
Policarpo. É uma carta dirigida ao imperador Antonio Pio. Com linguagem corajosa
e contundente, conclamava o imperador a um tratamento mais justo aos cristãos,
solicitava a revogação dos decretos de perseguição contra os cristãos. Vejamos
um pequeno trecho dessa apologia:
Acreditamos que nenhum mal poderá nos ser feito,
a menos que sejamos sentenciados como malfeitores ou comprovadamente iníquos; e
tu podes até nos matar, mas não nos ferir.
Se essas coisas lhe parecem razoáveis e
verdadeiras, honra-as; mas se parecem insensatez, despreze-as como tal e não
decrete a morte dos que nenhum mal fizeram, conforme faria contra os teus
inimigos. Nós, pois, advertimos que não escaparás ao juízo divino vindouro, se
continuares com essa injustiça; e nós mesmos o convidamos a fazer o que é
agradável a Deus.
A
Apologia II foi dirigida ao senado romano, escrita por volta de 160. Com tom de
desprezo cita exemplos de tratamentos injustos e irracionais dispensados aos
cristãos. Compara Cristo favoravelmente com Sócrates. Diz que nossas doutrinas
não são vergonhosas, de acordo com o bom senso, mas são muito mais sublimes do
que toda a filosofia humana.
Sua
terceira e última obra que sobreviveu às intempéries, é conhecida como “Diálogo
com o judeu Trifão”. Fala sobre sua jornada filosófica, sua conversão ao
platonismo e, mais tarde, ao cristianismo. Trata da encarnação, a qual o judeu
Trifão considerava absurda, é compatível com o monoteísmo. Eis um pequeno
trecho dessa obra:
Confesso que me orgulho e que, com todas as minhas
forças, procuro ser considerado cristão; não que os ensinos de Platão sejam
considerados diferentes dos de Cristo, mas porque não são semelhantes em todos
os aspectos, assim como também não os são os de outros, estoicos, poetas e historiadores
[...]. Pois além de Deus, adoramos e amamos ao Verbo que provém de Deus
ingênito e inefável, posto que também se tornou homem por amor a nós, para que,
tornando-se participante dos nossos sofrimentos, também nos trouxesse a cura.
Justino
argumentou que somente os cristãos conhecem plenamente o Logos, porque este se
tornou carne em Jesus Cristo. Nosso herói foi executado em Roma em 162. Mas não
se calou ante as ameaças e perseguições, e nos deixou um legado que inspira os
verdadeiros cristãos a não se curvarem perante as leis que afetam as doutrinas
bíblicas, criadas pelas autoridades corruptas do nosso país. Vale a pena
aprofundar em seus escritos.
Justino
Mártir, como muitos cristãos, fez valer as palavras do apóstolo Paulo: “Em tudo
somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos,
mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda a
parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
se manifeste também nos nossos corpos; e assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste
também na nossa carne mortal” (2Co 4:8-11).
Que
o Senhor nos abençoe e nos guarde.
Monteiro
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