Reflexões Diárias - Junho

01 – O Espírito Santo fala conosco constantemente ao longo de nossos dias. Mas nem sempre estamos preparados para ouvi-Lo com exatidão. Temos pressentimentos, e pensamos que é apenas impressão, por isso, não atentamos para essa sensação; ficamos animados com as sugestões dos amigos, mas nem sempre percebemos Deus usando as pessoas para nos falar tão claramente; sentimos desejos de colocar em prática ideias que beneficiariam multidões de pessoas, mas imaginamos que tudo não passa de mera fantasia, ou que não temos capacidade, como se Deus não nos capacitasse quando quer que façamos algo; fazemos leituras sistemáticas da Bíblia, pois esta é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, redarguir, corrigir e instruir em justiça, mas não nos atemos completamente aos seus ensinos, quando muito, nos emocionamos somente naquele momento ou por pouco tempo. É necessário que estejamos sintonizados com Deus. Entretanto, isso raramente acontece, porque estamos, quase sempre, em outra frequência, e por isso, só ouvimos chiados, a voz de Deus chega distorcida aos nossos ouvidos. Precisamos urgentemente ouvir o que o Senhor está nos dizendo, isto é, compreender e colocar em prática. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.

02 – Uma das razões pelas quais permitimos que problemas do trabalho invadam nossa privacidade é que, inconscientemente, sempre estamos competindo ao invés de estarmos criando e cooperando. A competitividade suga todas as nossas energias cerebrais. Quando competimos, comparamo-nos, e essa comparação nos afeta profundamente, principalmente se nos sentirmos inferiorizados, mas ela nos faz orgulhosos quando estamos por cima. Sentimos prazer quando a comparação nos favorece. Vencemos algumas competições, mas continuamos insatisfeitos, irritados, inquietos e emo­cionalmente vazios. Felizes são aqueles cujo tempo é precioso para relaxar, encontrar os amigos, sonhar, amar, cultivar uma planta, beijar os filhos, dialogar e sorrir com todos. O equilíbrio perfeito está na coesão das equipes, o sucesso é alcançado quando há cooperação, quando nos empenhamos para que todos atinjam objetivos comuns, quando não nos importamos com a fama, nem com o sucesso pessoal. Se simplesmente conseguirmos integrar competitividade com humanismo, de alguma forma valerá à pena. Em qualquer situação, importa lembrarmo-nos das palavras de Jesus: “... que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?”.

03 – Quantos de nós têm tido sonhos gloriosos com a intenção de curar este mundo de seus males, mas acabamos cansados e desanimados, tão somente porque nos baseamos apenas em nossas próprias forças? Como temos nos enganado, pensando que somos capazes por nós mesmos de mudar alguma coisa. Sonhamos, tentamos, nos amarguramos e por fim desistimos daqueles planos que “seriam a solução contra o mal”; e, sem percebermos, incluímos neles o mal. Só então começamos a imaginar e tentamos desvendar quais são os planos de Deus para nossas vidas, já que não é por acaso que permanecemos aqui. O próprio Deus esteve aqui em carne e osso, e o que Ele fez? Pensamos, analisamos e concluímos: Ele tudo consumou. Todavia, poucos O reconhecem. Se fôssemos deuses, faríamos diferente: os incrédulos creriam por bem ou por mal. Mas nossa sabedoria limitada nos enfraquece com tantas dúvidas. Resta-nos tão somente o consolo de confiar plenamente no único Deus que sabe todas as coisas, no único Deus Onisciente. O qual nos diz: “Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito”. “... Ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: por que me fizeste assim?”.

04 – Às vezes, procrastinar é necessário. Significa oportunidade de reexaminar e consertar coisas desagradáveis que experimentamos, ou que outros tiveram que suportar; fatos que nos causam arrependimento e desânimo. Entretanto, nem sempre temos tempo para meditações. Há ocasiões, em nossas jornadas em direção à perfeição, que devemos tomar decisões imediatas, sem pestanejar; uma vez que a procrastinação indevida também pode causar consequências desagradáveis e duradouras. Lembremo-nos do caso em que o povo de Israel iria assumir de uma vez por todas as terras de Canaã. Situação desagradável em que a maior parte da geração de Israel resolveu seguir o relato dos incrédulos, e jamais conseguiu ao menos ver a terra prometida. Como resultado, essa maioria teve que vaguear por quase quarenta anos pelo deserto. Ainda hoje muitos vivem assim, vagando num deserto, sem espírito de aventura, impotentes, frios e desesperançados, sem a plenitude do poder de Cristo, sempre na retranca diante dos desafios, esquecendo-se das promessas anunciadas pelo próprio Deus: “Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares”.

05 – Nem sempre são terceiros nem o destino que bagunçam os nossos melhores planos. Por vezes, o nosso ego é quem põe tudo a perder, pois é ele quem orienta nossas escolhas, nossas criatividades, ambições, decisões e ações, almejando sempre o bem mais precioso. O nosso ego nunca fica satisfeito com a derrota. Esta perturba e transmite sentimento de incompetência. Por isso, não é fácil controlar o nosso ego, buscando a dependência de Deus. O apóstolo Paulo nos ensina que devemos sentir prazer na fraqueza porque ela nos mostra quem realmente somos; disse que quando se sentia fraco era quando estava mais forte, pois tinha ciência que dependia inteiramente de Deus. Nossas fraquezas nos previnem contra a arrogância, mantendo-nos humildes, com o intuito de mantermos o ego controlado. Nossa limitação age como um controlador que nos impede de agirmos por nós mesmos. “E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.

06 – Mesmo que sejamos eleitos “o papa” daquilo que mais gostamos de fazer, devido aos nossos dons, o mundo jamais poderá nos conferir o reconhecimento que fará com que nos sintamos realizados. Nós somos os únicos que podemos ficar orgulhosos conosco mesmos. Portanto, parabenizemo-nos após cada conquista. E, mais importante, não nos esqueçamos de ser gratos a Deus, pois é Ele mesmo quem nos capacita. Lógico que existem pessoas que sabem reconhecer os nossos méritos e o bem recebido. Mas a ingratidão generalizada é um mal que assola a humanidade. Devido à ingratidão muitos têm prejudicado a si mesmos e aos outros. Nem mesmo o Filho de Deus escapou da ingratidão humana. Jesus sentiu-a na pele, quando preferiram libertar Barrabás em Seu lugar, por ocasião de Seu sacrifício vicário; talvez os ex-cegos, os ex-mudos e os ex-aleijados que Cristo curou estivessem presentes naquele triste, porém necessário, episódio. O Salvador não morreu por nossos pecados para que continuássemos escravos deles, nem nos purificou para que voltássemos aos antigos hábitos. Ele nos libertou da escravidão do pecado para que fôssemos uma nova criatura. “... Se alguém está em Cristo, nova criatura é; [...] eis que tudo se fez novo”.

07 – Quando nos tornamos autênticos, descobrimos que podemos nos sentir bem melhor do que jamais imaginaríamos. Quantas energias são gastas desnecessariamente por pessoas que agem com hipocrisia. Tanto esforço para tão pouco, apenas para manter uma impostura, um fingimento. Não é nada fácil alimentar as mentiras sem correr o risco de crer nelas como se verdadeiras fossem. Se as pessoas dissimuladas soubessem como é simples e saudável zelar pela verdade, se todos colocassem essa orientação divina em prática, o mundo seria maravilhoso, mas é utópica a ideia de um mundo em que as pessoas confiam cegamente umas nas outras. A falsidade é daninha, ela compromete até mesmo a nossa vida pós-morte. Sendo verdadeiros, seguimos o que é verdadeiro, mas, como seguir a Verdade, sendo hipócritas? Por isso, podemos concordar que Deus se interessa por pessoas sinceras, sem menosprezar os inconstantes. A estes, se abrirem seus corações, Deus os transforma em verdadeiros adoradores. “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”.

08 – Nós possuímos muitas ambições, as quais são excessivamente maiores que todas as nossas necessidades. E não compreendemos que o caminho que seguimos pela estrada da vida é como uma escada em espiral. Estamos sempre prosseguindo, mas normalmente andamos em círculos, e em cada volta que damos, a visão que temos é um pouco mais ampla, embora nem todos saibam observar corretamente, então, perdem-se. É possível que nossa maior ambição esteja centralizada na busca da tão sonhada felicidade. Em tudo que fazemos a felicidade está sempre envolvida, seja nos prazeres, ou nos ofícios, ou nas diversões, ou em qualquer outra atividade; tudo tem por fim a felicidade. É razoável entendermos que devemos ter algo muito sério em nossas mentes: nunca seremos verdadeiramente felizes, até que façamos do Senhor Jesus Cristo a fonte e a razão de todas as nossas realizações, bem como a resposta para todos os nossos questionamentos e anseios. O nosso Salvador é o único que deve exercer poder absoluto sobre nossas almas sedentas. “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amém”.

09 – O homem que faz tudo para manipular os outros, inclusive pela força da intimidação, o faz porque teme perder a autoridade, falta-lhe confiança em si próprio. A intimidação muda constantemente de forma, ela é capaz de adotar diferentes disfarces para controlar as pessoas. Seres humanos temerosos controlando outros pelo medo e pela intimidação é uma marca indelével na história da humanidade. Durante a Inquisição, por exemplo, utilizaram-se dessa estratégia, criando mecanismos de intimidação, coerção e controle, de impressionante eficácia, que milhares de pessoas jazeram sem qualquer chance de resistência. Nessa atmosfera, quem, supostamente, tinha o controle de tudo, tinha também o temor de perder seus poderes e honrarias. Hoje, em meio à tamanha “evolução”, nada é diferente. São poucas as pessoas que têm coragem de protestar abertamente contra os sistemas opressores. E estas são capazes de mover o mundo, pela fé, pois quando faz parte dos planos de Deus, ninguém pode refrear as ações de Seus pequeninos. Não há “Golias” capaz de intimidar “um pequeno Davi”, porque este batalha em nome do Senhor. “... Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do SENHOR dos Exércitos”.

10 – Erros, falcatruas e corrupções são nítidas em toda parte. Se olharmos para dentro de nós, concluiremos que não somos diferentes, notaremos que também somos falhos. Dizem que “cada homem tem o seu preço”. Constatamos que por toda a história da humanidade até os clérigos têm cometido escândalos. Iludimo-nos quando imaginamos que as igrejas primitivas eram perfeitas, que tinham todos os problemas resolvidos. Todavia, esta boa impressão não condiz com a verdade, pois aquelas igrejas também enfrentavam a seriedade do pecado e o drama dos homens caídos; as epístolas paulinas não omitem essa realidade. Mas nossas fraquezas não são motivos para desistência, porque é em nossas limitações que a glória de Deus se manifesta. Não precisamos nos atormentar com pensamentos negativos nem com falta de fé, pensando que não há solução para nossa geração; isto é para incrédulos. Portanto, não nos esqueçamos que o poder de Deus se aperfeiçoa em nossas fraquezas, haja vista que as misericórdias do Senhor não dependem de nossa justiça, pois, se dependesse, estaríamos eternamente perdidos. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”.

11 – Possuímos habilidades natas para fazer da vida real uma arte, mas aperfeiçoar esse dom é uma tarefa obrigatória, da qual devemos nos conscientizar e, a partir daí, tomá-la como prioritária. A arte perfeita é aquela que agrada Aquele que não perde sequer um ato, mesmo aqueles cujos artistas procuram atuar na obscuridade. Quando escolhemos agradar a Deus, estamos também, direta ou indiretamente, causando regozijo às pessoas, principalmente àquelas cujas vidas já foram entregues ao Senhor. Mas as insensatas, aquelas que não compreendem ou não querem aceitar o plano de salvação de Deus, mediante a aceitação de Seu Filho, de uma forma ou de outra serão refreadas. Alegria maior seria se todas tomassem a decisão correta. E a decisão correta é se acertar com Deus, aceitar Sua oferta, tornando-se um filho Seu, pedir a Ele sabedoria para viver neste mundo de conflitos e incertezas. Com a sabedoria que vem do alto é possível perceber com maior nitidez as corretas e mais sensatas maneiras de atuar. Ser sábio significa saber aplicar as verdades divinas nas diversas situações que vivenciamos diariamente, lembrando que nem sempre temos oportunidade de repetir as cenas. “... Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro”.

12 – Alguns médicos dizem que a masturbação, se não for interna, não é prejudicial. Psicólogos afirmam que não é patológico, a menos que seja uma ação compulsiva, ou quando o indivíduo a prefere de modo exclusivo em detrimento à parceira. Digamos que seja um sintoma, uma dica de um problema emocional mais profundo, o qual nem sempre é de origem sexual, e praticada por pessoas insatisfeitas, frustradas, ou mal formadas. Pessoas que experimentam o autoerotismo – comum na puberdade por indivíduos que não têm o temor de Deus – terminam por sentirem-se frustradas, culpadas, derrotadas, abatidas, pois sabem que é um comportamento condenável, um vício psicopatológico. Como o desejo por satisfação ou realização nunca é totalmente alcançado, haja vista às fantasias de difícil realização, elas são tentadas a repetir indefinidamente, virando assim, um círculo vicioso, uma compulsão, pois quanto mais insatisfação, maior a tentação. A verdade é que o coração de um homem normal deseja um relacionamento com uma mulher, e vice-versa, o que vale não é uma simples satisfação pessoal e momentânea, o relacionamento a dois é algo mais profundo. Por isso há tantas pessoas e até casais insatisfeitos. “Um abismo chama outro abismo...”.

13 – "O amor deseja nada menos que a nossa própria felicidade de modo incondicional, sempre buscando em todas as atividades segurança e realizações". Esta afirmação não retrata uma assertiva digna de aceitação, uma vez que é inevitável questionar que tipo de amor é esse que despreza o outro e somente o "eu" importa, sendo que nem mesmo no amor erótico estaremos sem o outro, a presença do outro não deve ser descartada. Quando se ama é impossível não se doar, o verdadeiro amor é altruísta, não há espaço para egoísmo. Aquele que é capaz de “matar por amor”, na verdade, não o faz por esse motivo, o faz por um sentimento doentio, que a psicologia classifica, entre outros termos, como ciúme patológico, obsessão, imaturidade. Por amor não se mata, por amor doa-se a vida; foi o que Jesus Cristo fez pela humanidade perdida, com o fim de resgatá-la. Não há elucidação melhor que a narrativa do apóstolo Paulo: “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha”.

14 – Dificilmente sabemos quando devemos dar um basta na situação. Temos que saber o momento exato de dizer “chega, não dá mais”, e de fato desejar fazer isso. É ocasião para se impor. Certas medidas são devidas e tomadas de decisões necessárias, se desejarmos mudanças. É necessário dar um basta no sofrimento (ou em algo que nos incomoda) e não aceitar mais aquilo que não nos traz contentamento, que não nos edifica, coisas que não contribuem em nada para nossas expectativas. Não somos obrigados a concordar sempre com a visão dos outros. Temos representantes demais na sociedade, os quais na maioria das vezes não nos representam com coerência. E que temos feito por nós mesmos e pelos outros? Criticamos, nos enciumamos, ficamos irados, encabruados, embaraçados, sem tomar quaisquer decisões, sem contribuir efetivamente. Devemos reconhecer o momento exato de dar um basta em tudo e recomeçar; de tudo que temos visto e ouvido, temos uma certeza: o recomeço mais importante é a oportunidade de nos religarmos a Deus. As alianças e compromissos humanos podem ser feitos, refeitos e/ou desfeitos. Mas aquele que vem a Cristo jamais é dispensado. Disse o Filho ao Pai: “Dos que me deste nenhum deles perdi”.

15 – É natural desejarmos viver uma vida abundante; inclusive, é uma promessa. Entretanto, com frequência enterramos os nossos talentos. Não podemos viver mais apaixonadamente sem investimento. Muitos cristãos mantêm-se excessivamente em segurança e em comodismo extremo, e não entendem por que são tão mesquinhos. Deus investiu o Seu maior tesouro em nosso resgate, ofertando graciosamente o Seu próprio Filho. Portanto, demos um basta à falta de produtividade, compreendamos que não estamos aqui para sermos “gordos espirituais”. É certo que devemos nos alimentar com a Palavra de Deus, e quanto mais, melhor, mas esse alimento não é só nosso, devemos compartilhar com os nossos semelhantes. Jesus foi bem claro ao declarar: “amai ao próximo como a si mesmo” e “como eu vos amei”. Não sugerimos que devamos nos esquecer de nós mesmos para dedicarmos nossas vidas exclusivamente às outras pessoas. Isso também não seria viver abundantemente. Entretanto, fazer boas obras e amar ao próximo, além de ser um mandamento divino é também um direito e um dever de todo cristão. E não nos esqueçamos que sem Jesus, nada podemos fazer. “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas?”.

16 – Comida, bebida, trabalho, diversão, sexo, compras, compromissos, comprimidos, religiões, tudo isso e muito mais, podem reduzir o tormento de uma vida sem sentido. Claro que quaisquer atividades e passatempos desviam temporariamente as tensões diárias e as preocupações de nossas mentes, tiram o foco da dor, do sofrimento e, muitas vezes, da realidade. As dores físicas e psíquicas quase sempre podem ser curadas pela simples mudança de hábitos e de comportamentos. Entretanto, enquanto o homem não desvendar os mistérios de sua existência, enquanto não descobrir por que está aqui, não estará satisfeito, pois não compreenderá seus objetivos e razões existenciais, e viverá em constante conflito. A única forma de se buscar esse entendimento não é através de uma religião, seja ela qual for, nem através de nenhuma das atividades citadas, mas se faz buscando a mente de Cristo, procurando viver como o único Homem perfeito ensinou e demonstrou. É só através do Filho que conheceremos o Pai eterno, o Criador que nos deu vida, e que deseja nos resgatar. Queira Deus possamos falar com a convicção do apóstolo Paulo: “... quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”.

17 – É durante as horas de inevitáveis expectativas, quando os ponteiros dos relógios mexem-se muito lentamente, ou parecem não se mexer, que ficamos mais preocupados e perceptíveis. É nesses momentos que algumas imagens passam por nossas mentes, e normalmente pensamos naquilo que mais nos aflige. Essa sensação desconfortável nos adverte que não costumamos planejar com antecedência o nosso futuro, lembra-nos que somos seres imediatistas. Às vezes, mesmo sabendo que a maior necessidade do homem está relacionada à vida depois da morte, não nos preocupamos com essa realidade e, paradoxalmente, vivemos como se fôssemos viver para sempre aqui neste mundo. Seria mais confortável e menos preocupante se substituíssemos os pensamentos imediatistas pelas reflexões de natureza espiritual e perspectiva eterna. Só assim aproveitaríamos ao máximo o nosso tempo e deixaríamos de dar importância excessiva às questões de nenhuma ou de pouca relevância. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”.

18 – Dizem que o coração sabe o que é melhor para o homem, que ele é como uma bússola e que se o consultássemos, saberíamos a direção correta. Quem pensa assim nunca se apaixonou pela pessoa errada, talvez nunca tenha desejado algo ou alguém com veemência e depois descobriu que não era bem aquilo que precisava, e que jamais deveria tê-lo almejado. O coração leva-nos a caminhos equivocados e mortais. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte”. O coração foi criado puro, mas tornou-se enganoso e corrupto, repleto de sentimentos medíocres e desejos impuros. O homem, influenciado pelas forças do mal, contamina tudo que toca; nada escapa às suas ações egoístas. Pelo engano do coração muitos são escravos do pecado. Se seguirmos os desejos do coração, estaremos fadados ao fracasso, salvo raras exceções. Não há dúvida que podemos adquirir bens e desfrutar de prazeres, mas esse usufruto é limitado; há gozo, porém, com satisfação reduzida, prejudicada pela culpa. Entretanto, não há motivo para preocupação, pois o coração do homem é tão importante para Deus, que Ele ainda deseja reconquistá-lo e novamente limpá-lo. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”.

19 – Ao longo da história da humanidade ouvem-se muitas estórias, e muitas delas são consideradas verídicas, pois nem sempre dispomos de parâmetros confiáveis para verificar a veracidade desses contos. Até mesmo alguns cristãos, devido ao escasso conhecimento da Palavra de Deus e ingenuidade, iludem-se com algumas narrativas. Muitas lendas e mitos são criados pela fértil e fantasiosa imaginação humana na tentativa de desvendar os segredos do oculto. Provido de inteligência e dons criativos, o homem cria situações ilusórias na tentativa de desvendar mistérios e fenômenos desconhecidos. É claro que existem situações e fatos que merecem crédito, mas que são considerados por muitos como mitológicos, no sentido mais básico da palavra. Na verdade, tudo aquilo que não pode ser provado cientificamente é considerado um mito. De acordo com essa tese, as revelações bíblicas podem ser confundidas com a mitologia, uma vez que essas narrativas não têm como meta fornecer provas científicas, mas intenciona revelar o Criador, incutir a fé. Portanto, acreditar em fábulas e crer nas Escrituras não é a mesma coisa, são realidades completamente diferentes. “... Rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade”.

20 – Somos seres limitados. Disso ninguém duvida. A nossa limitação pode ser comparada às turbinas dos aviões. Essas máquinas, como qualquer outra, também são limitadas, e são projetadas para funcionar dentro de parâmetros de segurança. Os aviões são rigorosamente regulados para operar nessas condições e os pilotos são devidamente treinados para só utilizar potência que entrem em gráficos que atinjam certas limitações, em caso de emergência. E quando isso acontece, as turbinas passam por rigorosíssimas inspeções internas e externas, e só voltam ao trabalho depois de serem realizados os ajustes necessários. Da mesma forma, se ultrapassarmos os nossos limites, sem dúvida, nos machucaremos, e a intensidade do ferimento e da dor dependerá do quanto excedermos. Não avançamos além de nossas limitações por acaso, há sempre uma ou mais razões, e, às vezes, por mero capricho. Deus tem sérios motivos para estabelecer limites ao homem, embora não entendamos todas as razões, e uma boa justificativa é que nossas esperanças estejam nEle. “Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”.

21 – Em vez de vivermos preocupados, lamentando quanto às ações que deveríamos tomar a fim de armazenar fortuna, que tal buscarmos a comunhão com Deus em primeiro lugar? Muitos se preocupam demasiadamente com o futuro, como se tivessem total controle sobre um fio de seus cabelos. Não há nada de errado em planejar, se preparar e lutar por um futuro melhor. Mas a preocupação exacerbada pode transformar-se em graves problemas se a tivermos como prioridade e se ela escapar ao nosso controle, como é de costume. Na maioria dos casos esses distúrbios (assim podemos classificá-los) surgem devido à ânsia exagerada por prosperidade. A nossa atual sociedade vive doente, deprimida, sem paz, sobressaltada, sem tempo para convivência familiar nem para se dedicar aos amigos; muitos já não têm sequer tempo nem para Deus, pois se esquecem da verdadeira prosperidade. Não vale a pena correr riscos desnecessários por tão pouco, porque tudo nesta vida passa, mas o que é investido no reino dos céus é para sempre. “Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma. Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade”.

22 – Um elogio sincero pode penetrar profundamente as almas mais introspectivas, acalmando os corações e trazendo sensações agradabilíssimas, como o sentimento do dever cumprido, por exemplo. Devemos elogiar sempre, mas “sem forçamento de barra”, pois o elogio que surte efeito não é bajulador. A pessoa elogiada sabe muito bem distinguir uma intenção pura daquela em que há segundas intenções. Reconhecer os esforços, as competências, as qualidades e virtudes das pessoas são detalhes que devem ser bem explorados. Elogiar faz bem, e ser elogiado é melhor ainda. No entanto, devemos resistir aos exageros e à falsidade, devemos ainda evitar com­parações. Bom seria ficarmos no anonimato, mas como é impossível deixarmos de ser notados, então aceitemos os elogios daqueles que verdadeiramente nos apreciam, não há motivo para recusar, e, por outro lado, não devemos viver em função disso. O reconhecimento de nossos trabalhos e de nossas ações pode ser enriquecedor, todavia, o que mais deve nos alegrar é a aprovação por parte dAquele que tudo vê. “... Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.


23 – Tentar compreender a mente humana não é tarefa das mais fáceis. Mesmo as pessoas consideradas normais nos surpreendem com comportamentos imprevisíveis. Que diremos daquelas que estão enfrentando problemas mais sérios? Os cientistas da psicologia estão com suas pesquisas bem avançadas, e estas, embora não sejam perfeitas nem infalíveis, têm ajudado bastante. Muitas pessoas estão vivendo mais felizes e confortáveis com o auxílio dos psicólogos, outras nem tanto, por não terem alcançado o sucesso almejado, talvez por falta de fé nos métodos utilizados, ou, quem sabe, por falta de confiança nos profissionais da psicologia, afinal, não é sábio confiar plenamente no outro. Além disso, temos que considerar que existem maus profissionais não só onde trabalhamos. Na verdade, existe apenas um Psicólogo totalmente confiável, perfeito, que nunca falha, que conhece a todos nos mínimos detalhes, e é capaz de sondar até mesmo os nossos pensamentos. A psicologia tem auxiliado muito, mas se quisermos respostas definitivas, então convém que procuremos nas Escrituras, porque só elas revelam a verdadeira necessidade humana: o Psicólogo dos psicólogos. “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR”.

24 – Ao criar o mundo físico, o Criador estabeleceu certos padrões. E nós não podemos burlar esses padrões de modo que nos sejam convenientes, ou seja, não podemos alterá-los em favor de nossas pretensões. Muitos tentam, mas sempre falham. O mundo visível funciona de acordo com esses padrões fixos, chamados “leis da natureza”. Só existe uma Pessoa que não está sujeita nem limitada a estas leis. Apenas Deus (e quem Ele determinar ou permitir) realiza as obras sobrenaturais, os milagres, isto é, coisas que estão além do poder do homem e da natureza. É por estas leis que o Senhor exerce o governo do universo. Essas leis não são a própria natureza, nem são independentes de Deus, nem é conveniente julgarmos ser o próprio Deus. Jesus, o Filho de Deus, fez muitos milagres enquanto esteve aqui. Cristo curou muitos enfermos, ressuscitou alguns mortos e transformou vidas. Ele ainda é o Grande Médico do universo, e Se alegra quando os homens se permitem ser transformados por Ele em sãos adoradores. Quando Deus realiza milagres, as leis da natureza não são violadas, mas são superadas num determinado ponto. As forças da natureza não são anuladas, mas neutralizadas. “Porque para Deus nada é impossível”.

25 – Nada (nem ninguém) deve assumir a primazia em nossas vidas, além do Senhor. Deus é o nosso Bem Maior. É triste, mas é fato que a nossa natureza corrompida nos faz sermos tão ambiciosos que recusamos canalizar nossas prioridades para o Bem Supremo. Somente a fé no Salvador pode nos despertar para que sejamos fiéis discípulos de Cristo e, desta forma, dediquemos integralmente nossas vidas ao Pai. Ser discípulo significa estarmos dispostos a abrir mão de nossas ambições pessoais, de tudo aquilo que desagrada ao Senhor, significa imitá-Lo. Sabemos que não é fácil deixar de lado tudo aquilo que desperta o nosso interesse. Todavia, Cristo deve ser o centro de nossas ambições. O Senhor, nosso Deus, deve ser absoluto em nossas vidas. Não estamos dizendo que devemos renunciar as coisas boas da vida, mas que busquemos sujeição a Deus, porque só Ele sabe o que é melhor para nós. Dificilmente Deus atenderá aos nossos desejos enquanto não dominarmos as nossas ambições, enquanto os nossos desejos não estiverem de acordo com Sua vontade absoluta, enquanto não estivermos mortos para o pecado. “Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor”.

26 – Muitas pessoas lutam contra algum tipo de vício. Os vícios mais nocivos são: a bebida; as drogas proibidas; o cigarro; a comida em excesso; o sexo vulgar, não natural e descompromissado; as compras compulsivas; e a preguiça. A sequência prioritária varia de pessoa para pessoa. Há outros tipos de menor destaque e que não deixam de afetar negativamente a vida das pessoas. Estas precisam aprender a dominar suas compulsões, muitas lutam pela própria recuperação, com ajuda de familiares e amigos, mas poucas têm êxito. A maturidade é um fator que ajuda na forma como lidamos com os problemas; algumas pessoas amadurecem mais rápido que outras, mas a maioria necessita de mais tempo para adquirir o autodomínio e substituir vícios por virtudes. Um dos segredos para vencer essas opressões é manter-se em atividades, pois a ociosidade é a mãe de todos os vícios. No mínimo, devemos manter a mente ocupada com leituras que ensinam, orientam e trazem esperança. Sejam quais forem os vícios, entendamos que não somos os únicos pecadores, mesmo Paulo julgou-se “o principal dos pecadores”. Só há um perfeito; e Ele nos ama apesar de nossos vícios. E Ele disse: “Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes”.

27 – Quando estamos satisfeitos conosco mesmos, passamos a enxergar o mundo com mais clareza e de maneira mais realista e positiva. A autossatisfação nos deixa mais animados, mais felizes, mais conscientes e, consequentemente, mais atraentes e “confiáveis”. Quando verdadeiramente nos aceitamos como somos, nós aumentamos também a nossa autoestima, e essa autoaceitação e autopercepção, além de nos trazer considerável contentamento, agrada a Deus, isso porque abandonamos a atitude crítica e pessimista em relação a nós mesmos e passamos a admirar e ser mais gratos ao Criador por tudo que Ele criou. É importante valorizar-se; muitas pessoas, porém, valorizam-se em excesso – se por necessidade de autoafirmação, ou por arrogância, não nos é permitido saber. Por outro lado, há também aquelas que desconhecem a si mesmas e a seus potenciais e, por isso, não se dão o devido valor. Quem somos nós afinal? Por que tantas dúvidas? Seríamos mais saudáveis se crêssemos que somos obras das “mãos” do próprio Criador. Essa crença mudaria tudo, porque dificilmente destruiríamos ou menosprezaríamos aquilo que Deus criou com tanto amor. “... Porque Deus fez o homem conforme a sua imagem”.

28 – “... Alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado...”. Somos relativamente jovens, mas já estamos sentindo os impactos dessa terrível (mas compensadora) fase. À noite vamos exaustos para a cama, e pela manhã levantamos cansados como se nenhuma quantidade de sono pudesse nos restaurar. Recorremos aos complexos vitamínicos - em determinada fase da vida o nosso organismo já não consegue mais extrair com eficiência as vitaminas dos alimentos -, mas nem sempre resolve, e meses após desgastantes meses tudo se repete. Mesmo quando fazemos o que gostamos, sentimos que nos é exigido além do que suportamos. É hora de rever se vale à pena tanta agitação. Diminuímos o ritmo, mas com o tempo o corpo volta a sentir cansaço maior ainda, mesmo com cargas menores de trabalho. Fazemos de tudo para voltar ao que éramos antes, mas chegamos à triste conclusão que não somos mais meninos. Espiritualmente somos jovens, mas o corpo já não aguenta, “a carne é fraca”. Coragem! Nem tudo está perdido, existe uma esperança; aliás, uma promessa: “... Os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”.

29 – “Sucesso”, como tantas palavras, é algo abstrato. Assim como os alvos individuais. Podemos almejar uma derrota, por exemplo, e isto não é nada difícil de conseguir, a menos que o nosso adversário seja relapso. Na verdade, desejamos sucesso em tudo, no casamento, na família, no trabalho, nas conquistas, nas atitudes etc. Certas pessoas obtêm êxito naquilo que fazem com extrema facilidade, e outras nem tanto; muitas têm que “ralar” mesmo. Conhecemos muitas celebridades, mas desconhecemos o que elas tiveram que enfrentar para que chegassem aonde conseguiram chegar, e isso pouco importa, porque imaginamos que elas são felizes. Mas, será que são mesmo? Não tenhamos tanta certeza, porque o sucesso sem Deus é algo vazio, sem sentido. O segredo do sucesso não tem nada a ver com o que a maioria das pessoas pensa, o mais importante é procurar viver de acordo com os propósitos de Deus. Do que adianta ganhar o mundo e perder a salvação? O sucesso que garante a salvação é ter um relacionamento com Deus, é viver como Jesus, compartilhando a verdade do Pai. Nenhum galho pode dar fruto de si mesmo, se não estiver ligado à Videira: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.

30 – Recuse viver simplesmente por viver, tenha objetivos, faça descobertas, e tenha um encontro pessoal com o Salvador. Quando nos encontramos com Cristo, nossas experiências diárias nos trazem novas perspectivas, tudo muda. Antes, nossa vida era sem motivação, por mais que tenhamos tentado dar sentido a ela. Mas depois, com o novo nascimento, agora que “tudo se fez novo”, que nossos pecados foram perdoados e esquecidos por Deus, vivemos sem culpa, em paz e com maior prazer. Temos motivos reais para sermos felizes, buscando viver de modo agradável a Deus. Todavia, por mais fé que tenhamos, por mais entendimento que assimilemos, por maior que seja a nossa transformação, continuaremos sendo seres humanos comuns, sujeitos às mesmas intempéries. Pesquisadores, cientistas, escritores e demais profissionais continuarão investindo em seus trabalhos, sem saber se obterão algum êxito; os exércitos continuarão preparando-se para a guerra, sem saber se serão novamente empregados. E o biociclo continua, com ou sem esse necessário encontro, a diferença está no sentido que é dado à vida, e, lógico, no final: “Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve”.

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