A SERPENTE DE BRONZE - Nm 21.4-9; 2Rs 18.4


A SERPENTE DE BRONZE

“Então, partiram do monte Hor, pelo caminho do mar Vermelho, a rodear a terra de Edom; porém a alma do povo angustiou-se neste caminho. E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito, para que morrêssemos neste deserto? Pois, aqui, nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil. Então, o SENHOR mandou entre o povo serpentes ardentes, que morderam o povo; e morreu muito povo de Israel. Pelo que o povo veio a Moisés e disse: Havemos pecado, porquanto temos falado contra o SENHOR e contra ti; ora ao SENHOR que tire de nós estas serpentes. Então, Moisés orou pelo povo. E disse o SENHOR a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo” (Nm 21.4-9).

“Este [Ezequias, rei de Judá, a exemplo do rei Davi, fez o que era reto aos olhos do Senhor] tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã” (2Rs 18.4).

É inacreditável como a maioria dos seres humanos é incrédula. O povo hebreu, por exemplo, em suas caminhadas pelo deserto em direção à terra prometida, passou por várias circunstâncias que os levou fez murmurar contra Moisés e, indiretamente, contra Deus.

Apesar de esse povo ter presenciado tudo que o Senhor realizou diante de seus próprios olhos, continuavam incrédulos. Todos viram como o Senhor resgatou toda aquela massa pelas mãos de um só homem, mesmo assim, continuavam incrédulos.

Aquelas pessoas presenciaram todas as dez pragas lançadas contra o Egito do teimoso faraó (rio em sangue, rãs, piolhos, moscas, morte dos animais, úlceras dolorosas, saraiva, nuvens de gafanhotos, trevas e morte dos primogênitos); elas puderam assistir “de camarote”, por assim dizer, quando o anjo da morte passou por sobre suas casas, sem que nada lhes acontecesse, mas somente aos primogênitos egípcios, que não estavam simbolicamente protegidos pelo sangue do Cordeiro; essas mesmas pessoas atravessaram o Mar Vermelho a pés enxutos e nesse mesmo episódio olharam para trás e contemplaram todo o exército inimigo sendo tragado pela força do mar que se fechava sobre ele. E, mesmo assim, permaneceram incrédulas.

Essas pessoas se alimentavam com o maná que descia do céu, e em certa ocasião foram livradas da morte por falta de água, mas Deus saciou suas sedes com água que saiu milagrosamente da rocha; receberam do próprio Deus as leis civis e religiosas, as ordenanças e os mandamentos; elas tinham a companhia soberana de Deus por onde andavam, dando-lhes segurança. Durante o calor do dia causticante do deserto, uma nuvem as protegia e à noite escura e fria seus caminhos eram iluminados e aquecidos por iluminação e calor de providência divina.

Resumindo esta história, aquele povo também viu a terra se abrir e tragar uma família inteira de revoltosos. No entanto, por incrível que pareça, mesmo assim, por mais que Moisés tentasse lhes transmitir fé e esperança, elas continuavam incrédulas e rebeldes.

Na passagem bíblica exposta acima é registrada mais uma das rebeliões do povo recém liberto da escravidão do Egito contra Moisés e, consequentemente, contra o Senhor. Murmuravam exigindo água e alimento, como se prover os meios necessários para a sobrevivência humana fosse algo impossível para Deus, que durante toda a jornada não permitia que nada lhes faltasse.

Aquele povo com síndrome de escravidão precisava urgentemente ser tratado pelo Senhor, em virtude das consequências que uma vida desregrada oferece. Por isso, ficaram tanto tempo no deserto, andando praticamente em círculo, sem chegar a lugar algum. Já havia se passado mais de quarenta anos. Todos os filhos de Israel já haviam chegado próximo à terra prometida, mas por falta de confiança no Senhor, tiveram que peregrinar pelo deserto por mais quarenta anos, até que toda aquela geração de incrédulos fosse consumida, exceto Calebe e Josué.

Arão (irmão e porta-voz de Moisés) acabara de entregar o sacerdócio de levita a seu filho Eleazar e, em seguida havia morrido no monte Hor em consequência de, juntamente com Moisés, não ter glorificado a Deus na ocasião em que o Senhor mandou que Moisés apenas tocasse na rocha para fornecer água ao povo, e este a espancou de modo inconveniente. Por isso, nem Moisés nem Arão, por determinação divina, poderiam entrar na terra prometida; Moisés ainda chegou a contemplá-la, mas não lhe foi permitido entrar.

Esta história nos leva a crer que todas as pessoas devem passar pelo deserto da vida, para crescerem espiritualmente e desenvolverem-se como pessoas íntegras em seu convívio social. Algumas, infelizmente, permanecem durante toda a vida no deserto de seus problemas e nunca aprendem a vencê-los ou superá-los, pois nunca permitem que o Senhor as trate; outras, por questão de compromisso com a verdade, pelo senso de humildade que possuem, entre outros atributos positivos, ficam por pouco tempo, e logo são aprovadas e chegam com prontidão à terra prometida.

Desta forma, deduzem-se a respeito de tal crescimento e tão almejada maturidade, que dependem da conduta que os indivíduos tomam perante a sociedade e diante de Deus, pois quanto melhor a formação da personalidade da criança no seio da família, melhor ela estará preparada para enfrentar as frustrações e as vitórias que a vida lhe oferecerá. De outra maneira, só nascendo de novo. Aliás, espiritualmente falando, todos nós temos que nascer de novo (Jo 3.3) – palavras de Jesus Cristo.

No texto em destaque somos informados de mais uma revolta carnal e imediatista. Aquelas pessoas só pensavam no agora, não pensavam no amanhã, muito menos em suas descendências. Isto é o que realmente se pode chamar de “síndrome de escravidão”, os filhos de Jacó estavam acostumados a cumprir ordens em benefício de seus donos sem pestanejar. Tudo que lhes era ordenado teria que ser cumprindo sem que eles se importassem com as consequências futuras, pois tendo água e alimentos saborosos, a vida estava plenamente realizada.

Assim pensavam, e assim agiam. Todavia, o Senhor sempre deseja algo mais para Seus filhos, Ele quer dar vida em abundância não apenas para um momento ou um tempo finito, mas quer abençoar a geração presente daqueles que nEle creem e toda a sua descendência. Não vale a pena se revoltar por pequenas causas, pois o cristão serve a um Deus tremendo, imensamente maior que qualquer perturbação temporária. Jesus Cristo garante vida abundante e eterna em Sua presença.

Como aquele povo estava em tratamento e precisava de disciplina, Deus não poderia deixar de repreendê-lo severamente, para que aprendesse e, o fato fosse registrado para que as futuras gerações também aprendessem. Por isso, Deus permitiu que fossem atacados por serpentes venenosas. Muitos morreram em consequência disso.

Continuaram a morrer até que os que ainda restavam vivos puderam certificar-se da gravidade do pecado de rebeldia, a fim de arrependerem-se de seus maus atos e admitir seus erros. Não se defende obediência cega por parte de quem quer que seja, mas estava patente que Moisés era um homem de Deus e que recebia ordem diretamente do Pai eterno. Portanto, suas determinações eram as determinações de Deus.

Aquelas pessoas não tinham o que temer nem duvidar. A situação, sem dúvida, tornava-se mais grave, porque não eram informados por terceiros sobre as maravilhas que o Senhor fazia, mas eram testemunhas oculares de tudo quando o Senhor realizava na presença de todos.

Aquele povo tinha uma vida de experiência real na presença do Deus vivo. O que não quer dizer que os homens de hoje não tenham experiências reais ou encontro com Deus, pois basta numa simples percepção contemplar a si próprio, para entender que jamais teriam condições de vir à vida sem a provisão do Criador. Muitos têm tido um real encontro com Deus de diversas e particulares formas, e terminam por arrependerem-se de seus pecados, garantindo assim o perdão.

Felizmente foi o que aconteceu com aquele povo. Depois de arrependidos e convictos do erro cometido, os hebreus pediram socorro a Moisés. Admitir o erro é o primeiro passo para que uma pessoa alcance a graça do Senhor, ou seja, para receber o perdão e todas as demais bênçãos que acompanham o homem de coração contrito, este deve confessar ao Senhor e Salvador Jesus Cristo sua culpa; o homem deve admitir que é um pecador e que sozinho jamais se verá livre de suas culpas, só assim conseguirá obter perdão de seus pecados. E depois de ter seus pecados perdoados deve lutar para não mais repeti-los. Sabe-se que não é fácil vencer essa batalha, por isso, há necessidade de caminhar sempre na dependência do Espírito Santo de Deus.

Moisés mais uma vez intercedeu em favor do povo; ele conversa com Deus e pede perdão pelas transgressões de todos aqueles rebeldes. Este é o papel de todo cristão, não importando o que seu semelhante tenha praticado. O cristão deve estar sempre pronto para perdoar e para interceder junto ao Pai, em nome de Jesus Cristo. Assim fez Moisés, e Deus ouviu suas preces e providenciou a cura contra o mal.

Então o Senhor mandou que Moisés providenciasse uma serpente de metal e fosse exposta à vista de todos. Moisés fez conforme o Senhor ordenou, confeccionou uma serpente de bronze e a colocou no alto, em um mastro, para que todo aquele que olhasse para aquela imagem com fé em Deus, pudesse contemplar Cristo na cruz sendo oferecido em sacrifício na plenitude dos tempos (não em um momento histórico), levando sobre si todas as enfermidades e todos os pecados da humanidade.

Ao contemplar aquela “cruz”, que representava Jesus Cristo crucificado, isto é, um tipo da cruz do Calvário, qualquer pessoa, que a olhasse com fé, ficaria imediatamente curada, como acontece com quem olha para Cristo. Fato necessário, tendo em vista que tal povo ainda estava sendo ministrado por Deus. Aquelas pessoas acostumadas com deuses pagãos e visíveis no Egito não faziam ideia de um Deus Espírito (invisível ao olho humano). Contudo, com o advento de Cristo tudo foi consumado, e Ele ensinou que os verdadeiros adoradores devem adorar o Pai em espírito e em verdade (Jo 4.23, 24).

Como aquela imagem era uma representação, uma tipologia de Cristo (Jo 3.14), o homem não deveria idolatrá-la, pois Deus proíbe qualquer reverência a objetos feitos pelas mãos de homens. Deus não divide a Sua glória, nada pode substituir a Sua presença em nossas vidas.

Notemos que o contexto bíblico proíbe esse tipo de idolatria ou de veneração a objetos de qualquer procedência (ler Êxodo 20.4). Por isso Deus aprovou a ação do rei Ezequias em derribar aquela haste com a serpente, conforme narrado no texto referenciado.

Aquele símbolo fez-se ídolo por mais de setecentos anos. Por isso, as oposições ao rei Ezequias não foram poucas. A classe sacerdotal tinha a serpente como um objeto sagrado; os príncipes olhavam-na como relíquia de um glorioso passado; e o povo, em sua ignorância, devotava-lhe singular estima, pois nela todos viam uma divindade.

As pessoas deveriam tão somente olhar para uma imagem que representava o poder de absorver as doenças e absolver o pecador de seus pecados. Jesus na cruz é o antítipo, é para Ele que devemos olhar, pois quem olha para Cristo não morre. Ele disse: “Eu sou a ressurreição e a vida, aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11:25). Não importa se as pessoas estão contaminadas com o que quer que seja, com veneno mortífero, com o fermento do pecado ou condenado à morte, pois quem crê no Senhor Jesus tem a vida eterna. E não há nada que possa separar o homem do amor de Cristo, nem tribulação, nem a angústia, nem a perseguição, nem a fome, nem a nudez, nem o perigo, nem a espada (Rm 8.35).

Não importa o que esteja lhe afetando, olhe para a cruz de Cristo. Não permita angústia em sua vida, nem que as tribulações lhe afastem do amor de Cristo. Por mais que você esteja atravessando um deserto, em meio às perseguições naturais e espirituais, a presença do Senhor nunca é descartada, porque por mais que sejamos infiéis, Ele é fiel para cumprir todas as Suas promessas.

Que os homens de hoje possam imitar os heróis do passado, que mesmo enfrentando espada e morte, jamais sucumbiram, quanto mais eram martirizados, mais vidas eram acrescentadas ao número de salvos. Olhai para cima, porque a vossa redenção está próxima (Lc 21.28). É imprescindível que o povo de Deus saiba que “coisas” não transformam vidas, nem trazem bênçãos, não afastam as maldições, nem purificam os lares e, principalmente, não salvam.

Que Deus nos abençoe.

Monteiro

Um comentário:

  1. Há um dito popular que diz: "O que os olhos não vêem o coração não sente".
    estamos aprisionados neste corpo, e através dos sentidos e que percebemos isto.
    Ao comermos alguma coisa, a princípio pensamos estar usando um só sentido, no entanto ao analisarmos mais detidamente nós perceberemos o seguinte: Primeiramente olhamos e o prato pode ser agradável ou não, se for agradável pegamos e o levamos à boca, antes de chegar no destino, ele passa pelo controle de qualidade do olfato, ao tocar a língua, sentimos o sabor do alimento. A audição por sua vez também está envolvida no ato, escutando o mastigar do seu almoço ou jantar.
    Percebemos então que num mero ato mecânico, todo o nosso ser esta envolvido. Deduzimos então que o corpo está preso aos sentidos muito embora isso seja um mero instinto.
    Ao análisarmos o pecado temos que nos reportar a esfera da razão. O pecado e fruto de uma escolha errada, dentro do nosso cabedal de conhecimento a respeito da verdade envolvida no ato em sí. "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos Libertará". Este versículo mostra o quanto nos estamos cegos, muitas das vezes por estarmos envovidos em problemas, não conseguimos ver o problema muito menos a solução para tal. No entanto ao sermos avisados de tal ai sim a solução está a caminho.
    Deeus é a solução para todos os nossos problemas!
    Um abraço do seu mano,
    Pr. Cezar Souza

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