HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ - Parte 12

Justino Mártir

Justino Mártir merece reputação de “o apologista mais importante do século II” por causa das ideias criativas a respeito de Cristo como Logos cósmico e de o cristianismo ser a filosofia verdadeira. Pouco se sabe de sua vida antes de se tornar um cristão, a não ser que foi filósofo da escola platônica. A tradição diz que Justino continuou a usar sua toga filosófica depois de converter-se. Ele se considerava um filósofo de Cristo. Referia-se a Sócrates como um “cristão antes de Cristo”.

Sua Apologia I foi provavelmente escrita em 155, por ocasião do martírio de Policarpo. É uma carta dirigida ao imperador Antonio Pio. Com linguagem corajosa e contundente, conclamava o imperador a um tratamento mais justo aos cristãos, solicitava a revogação dos decretos de perseguição contra os cristãos. Vejamos um pequeno trecho dessa apologia:

Acreditamos que nenhum mal poderá nos ser feito, a menos que sejamos sentenciados como malfeitores ou comprovadamente iníquos; e tu podes até nos matar, mas não nos ferir.

Se essas coisas lhe parecem razoáveis e verdadeiras, honra-as; mas se parecem insensatez, despreze-as como tal e não decrete a morte dos que nenhum mal fizeram, conforme faria contra os teus inimigos. Nós, pois, advertimos que não escaparás ao juízo divino vindouro, se continuares com essa injustiça; e nós mesmos o convidamos a fazer o que é agradável a Deus.

A Apologia II foi dirigida ao senado romano, escrita por volta de 160. Com tom de desprezo cita exemplos de tratamentos injustos e irracionais dispensados aos cristãos. Compara Cristo favoravelmente com Sócrates. Diz que nossas doutrinas não são vergonhosas, de acordo com o bom senso, mas são muito mais sublimes do que toda a filosofia humana.

Sua terceira e última obra que sobreviveu às intempéries, é conhecida como “Diálogo com o judeu Trifão”. Fala sobre sua jornada filosófica, sua conversão ao platonismo e, mais tarde, ao cristianismo. Trata da encarnação, a qual o judeu Trifão considerava absurda, é compatível com o monoteísmo. Eis um pequeno trecho dessa obra:

Confesso que me orgulho e que, com todas as minhas forças, procuro ser considerado cristão; não que os ensinos de Platão sejam considerados diferentes dos de Cristo, mas porque não são semelhantes em todos os aspectos, assim como também não os são os de outros, estoicos, poetas e historiadores [...]. Pois além de Deus, adoramos e amamos ao Verbo que provém de Deus ingênito e inefável, posto que também se tornou homem por amor a nós, para que, tornando-se participante dos nossos sofrimentos, também nos trouxesse a cura.

Justino argumentou que somente os cristãos conhecem plenamente o Logos, porque este se tornou carne em Jesus Cristo. Nosso herói foi executado em Roma em 162. Mas não se calou ante as ameaças e perseguições, e nos deixou um legado que inspira os verdadeiros cristãos a não se curvarem perante as leis que afetam as doutrinas bíblicas, criadas pelas autoridades corruptas do nosso país. Vale a pena aprofundar em seus escritos.

Justino Mártir, como muitos cristãos, fez valer as palavras do apóstolo Paulo: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; e assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal” (2Co 4:8-11).

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde.
Monteiro

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